"Conhecimento: o maior dos pecados" - Segundo o autor

sábado, 9 de janeiro de 2010

 

(por Igor L. Seemann)


"Hipátia (370-415 DC), filha de Theron, era uma cientista, matemática, astrônoma, líder da escola de filosofia neo-platônica e diretora da Biblioteca de Alexandria. Cirilo, o arcebispo de Alexandria, a odiava por ela ser um símbolo da ciência e da cultura que, para a igreja primitiva, representavam o paganismo. Ela continuou seu trabalho apesar das ameaças até que, no ano de 415, foi cercada pelos monges e paroquianos de Cirilo, despida e esfolada até a morte com cacos de cerâmica. Seus restos foram queimados, suas obras destruídas e Cirilo foi canonizado.

Talvez a maioria das pessoas ao lerem isso se espantem, mas hoje em dia as coisas são tão diferentes? A religião sempre condenou a intelectualidade, a diferença é que hoje seu poder se limita a atrasar ou impedir as pesquisas com células-tronco, casamento gay entre outras coisas que são de conhecimento geral, já que não vivemos em um país laico.

A ameaça que a religião sente na ciência, já é em si um sinal de dúvida; um medo que todas as suas crenças sejam desmistificadas, daí a imposição do não-questionamento para os seguidores.Em seu best-seller mundial “Deus, um delírio”, Richard Dawkins cita um episódio de sua infância religiosa, quando foi passado “um sermão apavorante, proferido na capela da minha escola quando eu era pequeno.Apavorante em retrospecto, quero dizer: naquela época, meu cérebro de criança aceitou dentro do espírito que o orador pretendia.Ele nos contou uma história sobre um pelotão de soldados, treinando ao lado de uma linha de trem.Num momento crucial, o sargento que comandava o treinamento se distraiu e não deu a ordem para que eles parassem.Os soldados estavam tão treinados a obedecer ordens sem questionar que continuaram marchando, bem na direção do trem que vinha vindo.Hoje é claro, não acredito nessa história, e espero que o orador também não acreditasse.Mas acreditei quando tinha nove anos, porque a ouvi de um adulto que tinha autoridade sobre mim.E, acreditasse ou não, o orador ordenou que nós, crianças, admirássemos e nos espelhássemos na obediência escrava e sem questionamento dos soldados a uma ordem, por mais absurda, dada por uma figura de autoridade.”Em resumo, a religião nos quer ignorantes.Isso porque eles não têm as respostas para as nossas perguntas. É disso que se trata a fé; acreditar em algo sem ter evidência alguma de sua existência, satisfazer-se com o não entendimento das coisas.

Na antiguidade, as pessoas atribuíam todos os acontecimentos naturais a Deus; a chuva era culminada de uma faxina cósmica, logo a ciência tratou de explicar a chuva e hoje na pré-aborrecência todos nós aprendemos sobre o ciclo da água.Em suma, à medida que a ciência evolui, Deus fica com cada vez menos funções.Em outras palavras, “Deus” é o nome que nós damos à nossa falta de conhecimento, é um “sei lá” que enfeitamos com rituais e dogmas, ter fé é dar-se ao conformismo de não pensar, não é algo com que devamos nos gabar.É preferível permanecermos com nossas dúvidas do que inventarmos respostas à elas"



“Acreditar é mais fácil que pensar, por isso existem mais crentes do que pensadores.”- Bruce Calvert

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